sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Chão de Fábrica em festa

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Sim, estamos em festas mesmo mantendo a rotina, a produção e a produtividade. Nós, trabalhadores do Chão de Fábrica, somos os elos emocionais com nossas vilas, clubes, condução, igrejas e a parentada toda. Por isso, nosso coração, nesta época do ano, pulsa ao som de Natal e de Ano Novo.
A fábrica aqui e ali tem um espaço deixado vazio por um companheiro ou companheira que está de férias. Muitos voltam para suas terras de origem. Animados e cheios de histórias para levar, além dos presentinhos e lembranças para os parentes. E voltarão cheios de energias, de mais histórias e, principalmente, muito mais ligados nesse nosso querido Brasil. Porque somos também parte do tecido que garante que essa Nação brasileira pulse sempre com euforia, alegria e disposição de vencer crises e épocas ruins.
É uma época que devemos também estar atentos às nossas famílias e aproveitar as festas mas sem exagero. Porque basta um descuido ao volante, uma dose a mais de álcool, uma bravata qualquer no fim de uma festa para azedar o ano e até mesmo a vida.
Por isso, nestas épocas do ano temos que apostar na alegria mas sem perder a atenção para com nossos filhos, amigos e parentes. Cuidar uns dos outros para que sobrevivamos a 2011 e consigamos, em 2012, estar prontos e preparados para as grandes batalhas que teremos à frente.
Porque é essa a nossa vida de trabalhadores e gladiadores modernos. Somos linha de frente da geração de riquezas e se conseguimos ficar eufóricos com o que nos sobra de tanta riqueza que geramos, é porque somos brasileiros e além de não desistir nunca, temos a alegria em nosso DNA.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Responsabilidade financeira


Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

A euforia já tomou conta do Chão de Fábrica. Estamos com a sensação gostosa de uma conta gorda, enquanto cumprimos nossas tarefas de um mês, que com certeza, será muito menor que o salário. Além do reajuste e do abono, teremos PLR e 13o e muitos terão adiantamento das férias e férias.
Já acertamos os pequenos empréstimos uns com os outros. Já planejamos as prestações, os gastos com a ceia de Natal. Estamos na cômoda situação de contas equilibradas. Por isso, a tentação é muito grande nesse período. Olhamos com olhos de cobiça para aquele carrinho que nem sequer notávamos antes. A TV de LCD volta a brilhar e a nos chamar quando entramos nas lojas ou nos supermercados. O tênis caro dos nossos filhos também nos chama a atenção.
Mas é hora também de responsabilidade financeira.  Consumir, sim, afinal o mercado interno depende de nossa atuação como consumidores, brasileiros, trabalhadores e patriotas. Mas também temos a responsabilidade de gastar bem um dinheiro que é fruto de nosso trabalho duro, ao longo do ano todo.
Ter a disciplina de pesquisar e comparar preços, de não nos deixarmos levar pelo impulso e, principalmente, controlarmos nossa vaidade no momento da compra. Será que precisamos mesmo de um novo aparelho de LCD ou só estamos comprando porque nosso vizinho também comprou? Será que precisamos mesmo de um celular extra ou só compramos porque todo mundo tem agora dois celulares e não queremos ficar para trás.
Se a gente aprender a controlar os impulsos vai sobrar, com certeza, uma reserva que poderemos manter ao longo do ano. Reserva que poderemos investir e reinvestir para ter sempre uma proteção extra para nós e nossa família. Proteção cada vez mais necessária nestes momentos de crise mundial que não sabemos, ainda, se vai ou não afetas nossos empregos e salários.
Isso se chama responsabilidade financeira. Essencial para que aos poucos, mesmo como assalariados, possamos construir nossa independência financeira. Em vez de sermos consumistas irresponsáveis, que compra sem pesquisa, apoiados na vaidade pessoal em vez da responsabilidade para com nossa família e nosso futuro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dezembro no Chão de Fábrica

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Todo mês de dezembro vivemos quase que em estado de graça no Chão de Fábrica. A campanha salarial chega a um resultado que realimenta nossas energias e disposição de lutar por mais ganhos, mais PLR, mais investimentos na nossa qualidade de vida.
E quando pensamos na vida focamos nos filhos, filhas, nos cônjuges parceiros de uma vida toda. E pensamos, mesmo ali no batente, suados, tensos e atentos à rotina pesada da fábrica, pensamos nos presentinhos que daremos para cada uma das pessoas amadas.
Vamos arrumar tempo para buscar aquele tênis para as crianças. Vamos reavaliar as contas e ver se encaixa uma jóia ou quem sabe até mesmo uma viagem de avião para a terrinha dos nossos pais ou sogros.
Porque agora, nestes tempos festivos de Natal e Ano Novo, o que a gente quer mesmo é ser feliz sem muita preocupação.
Mesmo tendo consciência que é temporária essa alegria porque reforçada pela nossa religiosidade e espírito de família combinados e porque também é dezembro e tem décimo terceiro e antecipação salarial. Por tudo isso, o Chão de Fábrica brilha que nem árvore de Natal.
E junto com nossos camaradas nos sentimos, de verdade, os verdadeiros donos deste nosso imenso Brasil. Que sabe reconhecer nosso esforço e que nos retribui com o carinho de outros brasileiros e brasileiras, ao transformar cada contato na fábrica, no ônibus, no supermercado num hino à nossa Pátria.
É gostoso demais ser brasileiro em dezembro. Curtir por antecipação as festas e até mesmo as brigas em família. E contar nos dedos quantos dias faltam para os  feriados que descansaremos junto com as pessoas que amamos.
É bom demais saber que vamos começar um novo ano em que a esperança vai se transformar em projeto. E o projeto em novas realidades palpáveis, através da matrícula numa faculdade, da formatura de um filho, da felicidade contida de uma mãe.
É assim que cada um de nós no Chão de Fábrica, gente simples, que acumula em cada gesto a sabedoria de várias gerações, renova nossas energias para continuar a construir o Brasil, entra dezembro e sai dezembro. Sempre animados e alegres. Porque somos brasileiros e temos uma fé imensa em nós mesmos e em nosso País.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Racismo no Chão de Fábrica

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Diminuiu muito o preconceito racial no Chão de Fábrica. Mas, infelizmente, ainda existe. Por isso, neste 20 de Novembro, data em que se comemora a Consciência Negra voltamos nosso olhar para nossos companheiros e companheiras negros.
Ser negro é ser condenado a uma carreira mais lenta, com menos promoções e a ser mantido por mais tempo que os companheiros de outras raças em serviços mais penosos.
E se você perguntar para as chefias e para o RH todos negarão que o motivo que se aloca, preferencialmente, negros para serviços mais pesados, com salários menores e em posições com menores chances de promoção é acidental.
Mas basta dar uma olhada geral no Chão de Fábrica e ainda vamos perceber núcleos de trabalhadores negros e negras honrosamente cumprindo suas funções diferenciadas, exatamente por serem negros. E mesmo assim, mantêm a solidariedade e a alegria de trabalhar ao lado de colegas que têm melhores chances apenas por não serem negros ou pardos ou mulatos.
É uma situação que vai muito além do famoso discurso de democracia racial brasileira. Pois enquanto tivermos o preconceito racial contra os negros disfarçados em tapinhas nas costas mas confirmados com funções secundárias e degradantes, com restrições na evolução da carreira profissional, temos muito a debater e a denunciar o nefasto preconceito racial.
Porque o preconceito institucionalizado nos ambientes de trabalho, além de ser social e humanamente condenável, prejudica a qualidade de vida dos negros brasileiros, desde os locais de moradia, nas oportunidades educacionais e até mesmo no Chão de Fábrica, onde a lógica da própria produção exige igualdade e tratamento mais justos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os trancos do Chão de Fábrica

Elenísio Almeida Silva, o Leo, diretor do Departamento de Saúde do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Enfrentamos, todos os dias, uma parada dura no Chão de Fábrica. E muitas vezes as doenças profissionais se instalam. E, nestes momentos, é hora de tomarmos todos os cuidados para nossa plena recuperação.
O jogo é pesado e não podemos (nem devemos) trabalhar contundidos. Prejudica nossa saúde mais ainda e coloca em risco também a saúde de nossos companheiros e companheiras, pois podem precisar de nossa ajuda, com urgência, e não podemos falhar.
Mas na hora que o peão adoece a tendência é achar que se trata de uma doença desvinculada do trabalho. É estranho mas temos esse estranho hábito de assumir todas as culpas do mundo.
Se for uma doença contraída sem ter nenhuma relação com as atividades que exercemos, o INSS a classifica auxílio doença que tem o código Espécie 31. E nos casos mais graves, um afastamento de 15 dias ajuda na recuperação. Se for necessário, podemos ficar afastados durante 60 dias e temos a garantia, em nossa Convenção, de estabilidade de 60 dias.
Mas se for uma doença ocupacional, o INSS classifica como Espécie 91, e em vez do auxílio doença, receberemos o auxílio acidente. Com a grande diferença de além do afastamento necessário termos garantido em Convenção a estabilidade de 21 meses, sempre renováveis enquanto não estivermos plenamente recuperados.
Claro que não temos a obrigação de saber em que tipo de situação nos enquadramos. Por isso, se você se acidenta no Chão de Fábrica ou está com uma doença que seus médicos consideram grave, em vez de tentar resolver por conta própria, procure o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá.
Temos um Departamento de Saúde que poderá orientá-lo a proteger sua saúde e seus direitos. Porque em casos de doença, seja ocupacional ou não, muitas vezes a informação é o melhor remédio.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Do Mobral à Universidade Federal do ABC

Sivaldo da Silva Pereira, secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Nas décadas de 70 e 80, os trabalhadores que chegavam do resto do Brasil todo em busca de uma oportunidade, um empreguinho e a construção de seus sonhos de vida tinham como ponto de apoio o Mobral,  que depois virava Madureza do ginásio e do colegial.
Os trabalhadores mais empenhados completavam sua formação no Senai ou num curso técnico. E os mais determinados ainda, pois não tinham apoio de espécie alguma, conseguiam chegar a um curso universitário.
Com a determinação e formação conseguidas com o próprio esforço nos tornamos uma classe trabalhadora de vanguarda. Mudamos, com nossa participação no Chão de Fábrica e com nossas vivências comunitárias e políticas a realidade do Grande ABC e do Brasil.
Não foi à-toa que daqui surgiu um presidente da República que pela primeira vez “na história deste País”, como sempre foi o discurso de Lula, adotamos políticas públicas que tiveram um impacto determinante em nossas vidas sociais e econômicas.
E uma das grandes mudanças, que confirmamos com o apoio de Lula, foi a criação da Universidade Federal do ABC. Um avanço e tanto que precisa ser confirmado por parcerias cada vez mais inadiáveis entre as administrações públicas municipais e as organizações sociais a favor da nova etapa que o Grande ABC está destinado neste Século 21.
Porque para nos inserirmos de fato no ambiente que a Universidade Federal do ABC é preciso que mais do que ingressar na universidade, que tenhamos também a oportunidade real de os conteúdos da universidade fazer parte de nossas vidas.
Sabemos pelos contatos que temos com o professor doutor Jorge Tomioka, um amigo nosso, que há sim a vontade e a disposição do corpo docente da universidade de se integrar com nossa cidadania.
Mas através de quais mecanismos sociais? Através de que instituições? Em que ambientes? Nas fábricas, nos sindicatos, nas igrejas ou nas vilas?
A hora é agora de se criar os canais para que enquanto trabalhadores e suas entidades, assim como organizações sociais (ONGs, associações de moradores, partidos políticos etc) possamos acelerar o aproveitamento das oportunidades que emergem no Século 21.
E diferentemente dos tempos do Mobral, para aproveitarmos os conteúdos exaustivamente produzidos pela Universidade Federal do Grande ABC temos que criar os canais sociais de interação e vinculação do saber produzido com nossas expectativas e realidades sociais.
No Chão de Fábrica olhamos para o mundo ao nosso redor, no Brasil e no Exterior, e percebemos que muito mais que o saber digital, nestes tempos de internet banda larga, celulares de última geração e sites de pesquisa que é preciso acumular conteúdos e reflexões que resolvam, a curto e médio prazos, nossos problemas na fábrica, nas vilas, na nossa capacidade confirmar soluções que melhorem nossa qualidade de vida.
Conteúdos que só podem se ajustar aos nossos sonhos e à nossa realidade a partir do envolvimento pró-ativo de nossa parte em torno da Universidade Federal do ABC.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Família do Chão de Fábrica




Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, Secretário Geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Ao longo dos anos nós trazemos, aos poucos, os filhos de nossos amigos, nossos parentes mais próximos e até mesmo os cunhados para a convivência no Chão de Fábrica.
Nós carregamos a fábrica, suas histórias e nossas aventuras para casa. Junto com o suado pão nosso de cada dia sempre temos histórias de superação para relatar, desafios que as chefias nos propõem, novas tecnologias que chegam e máquinas que se tornam verdadeiros quebra cabeças a serem resolvidos sem interromper a produção.
Essas aventuras operárias são relatadas nos campos de futebol, nas festas de aniversário, nas rodas de cerveja e até mesmo nas igrejas que frequentamos. É natural, portanto, que nossos jovens, filhos e afilhados, cresçam sob a influência do Chão de Fábrica e ansiosos em se juntarem à nossa batalha diária pela sobrevivência.
É um hábito que faz parte da história operária, desde quando as fábricas começaram a existir na Inglaterra. As famílias operárias são as principais fornecedoras de mão de obra e conseguimos, com isso, manter a harmonia e a cooperação dentro e fora das fábricas.
Do ponto de vista cultural é excelente termos lideranças do Chão de Fábrica que também são respeitados nas suas vilas. Quando acontece um casamento ou um nascimento, todos nós somos mobilizados. Para os casamentos surgem os padrinhos e as listas de presentes. Quando nasce uma criança a disputa é grande para ver quem será o padrinho ou madrinha.
A realidade do Chão de Fábrica é dura, o ganho é pouco, mas o espírito de camaradagem é imenso. Construímos e solidificamos nossa solidariedade todos os dias. E se somos uma família ampliada é porque o próprio sistema produtivo em que vivemos nos junta nos mesmos bairros, nas mesmas fábricas, nas mesmas conduções.
Do limão do ajuntamento fazemos, então, a limonada da família ampliada do Chão de Fábrica. Com muita troca de ideias, apoio mútuo e disposição para ajudar sempre uns aos outros. Ajuda que se materializa, por exemplo, quando nos juntamos para encher uma laje. Mais de 40 companheiros aparecem e em três ou quatro horas a laje está pronta. Só com a energia da amizade temperada no Chão de Fábrica. É assim que consertamos os carros uns dos outros. Ou fazemos o acabamento de nossas residências.
Uma história famosa é o fato de João Avamileno, nosso ex-prefeito, ter sido o eletricista que fez a fiação da casa do nosso companheiro José Cicote. O Chão de Fábrica consolida para toda uma vida nossas alianças.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

As emoções do Chão de Fábrica


Por Aldo Meira Santos, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Quando a gente vê imagens de operários no Chão de Fábrica usando protetores de ouvido é porque realmente eles precisam destes equipamentos. Raras fábricas são silenciosas. As máquinas, a energia ambiente, o corre-corre tudo contribui para um ruído muitas vezes assustador. E a proteção dos ouvidos é essencial para a se manter a boa saúde.
Mas mesmo com a barulheira geral, muitos estão ali com os ouvidos sensíveis às músicas que ouviram na noite anterior, no ipod ou no radinho de pilha,  ou hoje mesmo no caminho entre suas casas e o trabalho.
Outros se inspiram para os compromissos que terão como pagodeiros, como músicos e cantores de suas igrejas, e todos, artistas ou não, são as plateias fiéis e atentas ao que rola pelo universo da músicas popular ou religiosa.
Porque no Chão de Fábrica somos muito mais do que operários que apertam botões. Somos cada vez mais homens e mulheres completos, atentos à poesia de uma canção e preparados, muitas vezes por conta própria, para criarmos nós mesmos nossas próprias músicas e ritmos.
E quando terminamos nossos expedientes arrumamos energia para nos reunir com amigos e vizinhos, para curtir juntos em casa ou na igreja, nossa arte de cada dia.
E não pensem que vivemos só de músicas. Tem companheiros e companheiras que participam de teatros e de corais. Que se envolvem com ONGs para estimular o aprendizado musical em suas comunidades. E que arriscam alguns versos, dos bons, para as plateias sempre atentas nos ônibus que nos conduzem ao trampo.
Essa dinâmica cultural no Chão de Fábrica nos humaniza. E se as adotamos com as próprias energias (apesar da falta de tempo) é porque não temos acesso a ambientes culturais nos nossos bairros.
Faltam teatros, cinemas, clubes dedicados às artes e, principalmente, que gerem espaços para nossos artistas operários. Somos obrigados a engolir o que a TV tenta nos impor, geralmente de qualidade duvidosa.
Por isso, sempre estamos atentos aos nossos artistas do Chão de Fábrica. Porque eles (e elas) refletem nossas angústias e esperanças, nos emocionam com tiradas ora alegres ora tristes, e falam diretamente às nossas almas. Ali, bem pertinho, ao vivo, amenizando nossa vida dura com poesia, canções e músicas emocionantes.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O jogo salarial no Chão de Fábrica

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Nas campanhas salariais o humor, o cheiro, as piadas, o comportamento na hora do almoço ou da janta, tudo muda e ganha uma tensão típica de trabalhadores ansiosos com os desdobramentos dos acordos que sabem que estão sendo continuamente amadurecidos em alguma sala bem iluminada, com cadeiras confortáveis, nas quais se sentam os representantes do Sindicato e do setor patronal.
Com a mesma eficiência da Rádio Peão que retransmite as etapas das negociações que o Sindicato encaminha, a Rádio Chefia também tem experiência em espalhar seus rumores.
A gente sabe que a notícia vem da Rádio Chefia porque as informações são sempre negativas e com ameaças embutidas. “Dependendo do aumento negociado vai ter cortes” é uma das ameaças mais comuns. Resultado: a tensão salarial só aumenta. Mas o jogo de informação e contra-informação se mantém.
Independente do chororô dos chefes e gerentes, a peãozada se mantém atenta aos indicadores que nos mostram que a economia vai bem. Um deles é o nervosismo produtivo da chefia. Numa economia aquecida os chefes estão sempre agitados, ansiosos por cumprir metas, preocupados com a qualidade final e com os prazos para fechamento do lote de pedido.
É aí que a peãozada percebe que por mais que se esforce a Rádio Chefia na divulgação de boatos negativos que o que vale mesmo é o que nos chega da Rádio Peão. Pois, através dos diretores do Sindicato, do que lemos nos jornais ou na internet, e combinado com o nervosismo da chefia, a gente vê que a fábrica e o setor econômico que ela está inserida vai muito bem obrigado.
Percebemos, também, que há clima para apoiar as decisões do Sindicato no caso de uma proposta de greve. A gente sente na chefia o medo de um atraso, de uma paralisação de uma hora sequer. Imagina uma greve de um ou dois dias, de duas ou três semanas?
E o jogo salarial continua. Apesar de tensos, mantemos as indiretas e nossa disposição de defender a parte que nos cabe nestes imensos lotes de peças produzidas. E, sempre que podemos, deixamos claro para as chefias que também vão se beneficiar com os aumentos que nós, a peãozada, vamos conquistar através das negociações sindicais.
E neste baile salarial com piadas e indiretas, com ameaças de demissões das chefias e alertas de greve dos trabalhadores, criamos o caldo que será a referência dos representantes do Sindicato e dos Patrões. Até que se concluam as negociações, os acordos sejam assinados e surja uma nova Convenção Coletiva.
Que os trabalhadores querem sempre com o repasse da inflação mais aumento real e os patrões vão tentar sempre puxar a sardinha do lucro apenas para os seus bolsos.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Fabricar lazer no Chão de Fábrica


Fabricar lazer no Chão de Fábrica
por José Roberto Vicaria, o Jacaré


Aqui no Chão de Fábrica estamos todos juntados. Juntados pelos patrões e vigiados pelas chefias. Com metas, horários, disciplina. E claro, não sobra espaço para a alegria. Pois, por mais que queiramos, o ambiente fabril elimina a descontração porque não nos permite, infelizmente, sermos nós mesmos, com nossa participação em projetos de nosso interesse e dos nossos amigos e familiares.

Mas...
Mas tem sempre uma sexta-feira e no outro dia teremos sempre um sábado, um domingo ou um feriado. E cada vez mais é necessário que a gente inclua o lazer na nossa convivência do Chão de Fábrica.
Como?
Muito simples. Vamos aproveitar o contato na fábrica e planejar nossos eventos esportivos, nossa pescaria e nosso churrasco. Temos espaços de sobra na nossa Colônia de Férias e nas sedes de nosso Sindicato, seja em Mauá ou Santo André.
Basta um pouco de organização de nossa agenda e a decisão de não nos submeter mais aos programas de televisão que são feitos sob medida para nos anestesiar e nos fazer voltar sem nenhuma visão crítica para o trabalho, logo depois das folgas.
Porque o lazer junto com a companheirada é também o momento de a gente ser nós mesmos. Nestes momentos que podemos em vez de ser juntados, estarmos verdadeiramente unidos. Prontos para dialogar com nossos camaradas. Ouvir seus projetos. E apresentar nossas ideias.
É essa união que amedronta os patrões e os governos. Por isso, não existem investimentos governamentais para se investir no lazer. E só nos resta acompanhar o futebol pela televisão ou sermos obrigados a gastar uma grana alta para nos deslocarmos até os campos de futebol.
Mas nós mesmos, a partir do nosso ajuntamento na fábrica, podemos criar condições para nos unir em torno dos eventos de lazer, de reflexão e de convivência nos nossos bairros e vilas.
Unidos, claro, seremos cada vez mais fortes. E traremos essa força que acumularemos ao nos encontrar permanentemente uns com os outros do lado de fora da fábrica para dentro. E melhoraremos nossa atuação ao reforçar as iniciativas do Sindicato a favor de ambientes fabris com mais respeito às nossas vontades.
Senão corremos o risco de nos transformarmos em robôs. E é isso o que os patrões querem. Ou seja, trabalhadores disciplinados, que trabalhem à exaustão, sem alegria, sem vida.
Vamos, portanto, fabricar lazer no Chão de Fábrica. Se movimente, crie sua agenda junto com seus companheiros e companheiras, e se liberte da escravidão dos programas de televisão. Arraste sua família, sua mulher, seus filhos e vizinhos para nossos eventos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O jovem e a memória do Chão de Fábrica

Postado por Geovane Correa de Souza, diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

É grande a presença de jovens no Chão de Fábrica. Continuam a chegar das mais diferentes regiões do Brasil, como seus pais e avós. Trazem muito mais leitura, alguns diplomas técnicos e, muitas vezes, são vítimas preferenciais da falta de memória ambiente. Muitos são filhos de pais e mães que aposentaram aqui mesmo.
Não interessa para os empresários e seus gerentes resgatar para este pessoal que cada situação favorável, a exemplo do décimo terceiro salário, transporte de casa até o portão da fábrica, assistência médica, PLR, um terço de férias e, licença maternidade de quatro meses, entre outras conquistas, foram realizadas com muito esforço dos companheiros e companheiras, que tinham mais ou menos a mesma idade que os jovens que chegam hoje ao Chão de Fábrica.
Nós, hoje com mais de 40 anos, lutamos por tais conquistas porque de tabela tínhamos uma agenda mais ampla que era derrubar a ditadura militar, controlar a inflação e garantir a liberdade sindical.
Por isso, é cada vez mais importante que nossos jovens do Chão de Fábrica incluam nas suas preocupações as grandes agendas nacionais, de interesse da classe trabalhadora brasileira. Porque a gente quer muito mais do que comida, transporte adequado e décimo terceiro salário.
A gente tem na pauta as 40 horas semanais, sem redução de salário, o Fim do Fator Previdenciário e a assinatura, pelo governo brasileiro, da Convenção 158, para acabar com a sangria desatada que a rotatividade faz com nossa massa salarial. Os patrões se sentem muito à vontade para demitir em massa e impor salários menores aos que são recém-chegados.
É claro que são agendas com menor apelo emocional. Lutar pelas 40 horas semanais não é a mesma coisa que ir para as ruas protestar contra a ditadura militar, com os riscos que seus pais e tios, mães e tias, enfrentaram de serem presos ou até mesmo mortos.
Mas estamos em novo estágio. Agora, com a liberdade sindical assegurada e com o acesso que temos à tecnologia, aos e-mails e telefones celulares podemos nos mobilizar com muito mais facilidade a favor de conquistas que serão essenciais para o futuro de nossas crianças.
E não estaríamos fazendo nada demais. Estaríamos, apenas, mantendo a roda da História em funcionamento, assim como fizeram nossos pais e avós.
Por isso, da próxima vez que você se sentir confortavelmente instalado no ônibus que te traz para o emprego ou enviar seu filho para o médico do convênio ou planejar os gastos do seu PLR ou 13° salário, lembre-se que foram conquistas árduas.
Agradeça, mesmo que mentalmente, os trabalhadores e trabalhadoras que ocuparam este mesmo Chão de Fábrica antes de você. Cada conquista que você desfruta hoje foi arrancada dos patrões e dos governos. E para mantê-las e ampliá-las precisamos estar dispostos a continuar a luta. A favor do seu bem-estar e para garantir direitos que serão repassados para seus filhos e filhas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pião e peão

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Todo mundo ainda se lembra da diferença entre “pião” e “peão”, não é mesmo? “Pião” é aquele brinquedo que a gente envolve em barbante e depois lança no chão e o acompanha girando em torno dele mesmo, até perder o embalo e cair de lado. E “peão” é o trabalhador do campo, que geralmente é hábil pra caramba em domesticar os animais, mas que é orientado em apenas obedecer ordens.
Pois bem, ainda hoje em dia nas nossas comunidades e muitas vezes no Chão de Fábrica encontramos esses dois tipos de comportamento. Temos lá o “pião” que só sabe  girar em torno dele mesmo, com suas certezas e convicções. É “um sabe tudo” a respeito da política (que geralmente discorda), do sindicato, da necessidade de mobilizar na comunidade. “Não adianta se sindicalizar ou se mobilizar”, nos informa o pião. Acostumado que está a rodar em volta do próprio umbigo.
Temos também o “peão”, aquele homem ou mulher cheio de energia mas que só sabe obedecer ordens, como se ainda estivesse na rotina lá no campo. É incapaz de trocar uma ideia mais demorada com os colegas de trabalho ou os vizinhos de vila e participar das ações coletivas. Este tipo de trabalhador prefere obedecer apenas as chefias e nunca está disposto a se integrar aos grupos que se formam no Chão de Fábrica ou ir para o Sindicato participar das assembleias.
Tanto o “pião” que roda em torno  do umbigo quanto o “peão” que só sabe obedecer ordens da chefia precisam adotar uma outra sabedoria que desenvolvemos no Chão de Fábrica que é a famosa “Rádio Peão”.
Através da “Rádio Peão” estabelecemos no Chão de Fábrica uma comunicação rápida, direta e que funciona. Mas que exige de cada um de nós acreditar de verdade na participação coletiva. Assim que somos acionados pela “Rádio Peão”, que nos traz a necessidade de discutir o novo vale refeição, o convênio médico ou ir para uma assembléia no Sindicato, todos nós que não somos nem “pião” nem “peão”, nos transformamos em “peãozada” e mobilizados, vamos defender nossos interesses.
É super fácil abandonar o egoísmo do “pião”, que só gira em torno dele mesmo  e deixar de ser “peão”, que só obedece ordens da chefia. Basta a gente acreditar em nós mesmos, confiar cada vez mais nas ações coletivas e reforçar as atitudes cidadãs de nossas entidades, sejam elas as comunidades nos bairros ou nosso Sindicato.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Os grilhões dos impostos

                                                      por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do 
Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá


No Chão de Fábrica não tem moleza. A gente pega no pesado pra valer. Qualquer descuido pode ser fatal. Mas, ao mesmo tempo, sentimos pulsar em nossos músculos a sequência geradora de riquezas.
Uma peça de metal inerte, fria e sem vida, passa por nossas mãos e pelas máquinas que operamos e sai brilhando valendo muito mais. Com uma nova serventia. Pronta para ser acoplada a outra peça e formar uma nova mercadoria que será útil para alguém.
Essa alegria de gerar riqueza, contudo, dura pouco. Mesmo sem ter muito conhecimento de economia e de manipulação das chefias e dos patrões, a gente sente na pele que gera muito mais valor do que o salário que recebe no final do mês.
E quando saímos da fábrica e voltamos para nossas vilas e nossas casas, uma aliança perversa se estabelece entre a produção que nos submete e o sistema tributário brasileiro.
Segundo levantamento feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os 10% mais ricos concentram 75% da riqueza do país. Para agravar ainda mais o quadro da desigualdade brasileira, nós pobres e trabalhadores, pagamos mais impostos que os ricos: os 10% mais pobres do país comprometem 33% de seus rendimentos em impostos, enquanto que os 10% mais ricos pagam 23% em impostos.
E, apesar dos esforços da presidente Dilma para tentar debelar a miséria e a desigualdade, o fosso entre ricos e pobres só tende a se aprofundar com esta aliança entre as elites econômicas e a máquina arrecadadora do Estado.
Descobrimos, com os anos, que melhorar a renda é muito mais do que aumento real de salários. É preciso pagar menos impostos. Sejam eles municipais, estaduais ou federais.
Mas trata-se de um privilégio que beneficia apenas os ricaços. Os números do Ipea mostram que os impostos indiretos (aqueles embutidos nos preços de produtos e serviços) são os principais indutores dessa desigualdade.
Os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que os ricos. Enquanto os ricos desembolsam em média 5,7% em ICMS, os pobres pagam 16% no mesmo imposto.
Já o IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana) privilegia os ricos. Entre os 10% mais pobres, a alíquota média é de 1,8%; já para os 10% mais ricos, a alíquota é de 1,4%. Ou seja, as mansões pagam menos impostos que as favelas, que são mantidas sem os serviços públicos como água, esgoto e coleta de lixo.
O que fazer?
Desistir, jamais. Vamos conversar mais, trocar mais ideias, no Chão de Fábrica, nas vilas, nas conduções. Conscientizar nossos amigos, vizinhos e parentes. Para conseguir um dia nos libertar desta carga tributária. E fazer valer o lema: liberdade ainda que tardia.
Pois com menos impostos, diretos e indiretos, seremos mais iguais, mais livres e teremos sobras para investir em mais Educação e Saúde.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vocês pensam que nos enganam


Mário Américo, ex-massagista da
Seleção Brasileira de Futebol

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Pelas nossas mãos, assim como dizia o ex-massagista da Seleção Brasileira de Futebol, Mário Américo, “por estas mão”, numa propaganda do Gelol, pois bem, no Chão de Fábrica e através das nossas mãos criamos as riquezas que fazem nosso Brasil ser cada vez melhor.
Com nosso esforço continuado construímos, hora a hora, o orgulho de agregar valor às matérias-primas e transformá-las em peças de carro, em carros inteiros, em eletrodomésticos, em mercadorias que ao serem consumidas, nos confirmam, todos nós, como trabalhadores, cidadãos e consumidores.
Mesmo que não participemos inteiramente desta riqueza, pois nos sobra no final do mês uma merrequinha de salário, mesmo assim ninguém nos pode negar que somos a base de sustentação de toda nossa sociedade. Desde a origem da humanidade.
E talvez exatamente por sermos extremamente essenciais para a comunidade é que os meios de comunicação se esforçam tanto para nos apresentar sempre como desunidos e fragilizados.
É uma tentativa de manipulação cada vez mais boba, pois enquanto os grandes jornalões, canais de televisão e rádios criam programas para nos distrair da nossa realidade e nos levar a viver num mundo de faz de conta, meio abestalhados, cada vez mais estamos conscientes de nossa força e importância social.
No Chão de Fábrica só temos a alternativa sentir nossa importância de geradores de riqueza. Vivemos integrado à energia das máquinas. E somos nós que gerenciamos todo o processo produtivo. Se um de nós falhar, coloca tudo em risco. E não há manipulação da mídia que nos tire essa consciência de energia permanente.
Saímos do trabalho exaustos, mas realizados. O estresse que vivemos é porque o dinheiro é sempre menor que o mês. E é um desafio permanente cuidar do aluguel, da escola das crianças, dos remédios e do supermercado.
Mesmo faltando grana, não nos deprimimos. A alegria de viver faz parte do nosso DNA. E quando folheamos os jornais cheios de anúncios e com raras reportagens que nos animam a lê-las e nos postamos, cansados, diante de uma televisão vazia de conteúdos, sempre nos vêm à mente: essa elite pensa que nos engana.
Mal sabem que cada vez mais somos nós que fingimos que nos deixamos ser ludibriados. Pois temos a determinação de quem faz avançar, hora a hora, a História de nossa época. E a cada intervenção nossa de cada dia, seja na fábrica ou no bairro, no sindicato ou na urna, impomos, aos poucos nosso estilo de trabalhador e cidadão.
Enquanto isso, deixamos os patrões e as elites a seu serviço pensarem que nos enganam.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A cor da pele no Chão de Fábrica

Pedro Paulo em ação

Pedro Paulo da Silva, diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Tenho orgulho de ter nascido, sido criado e ainda viver vinculado à base da pirâmide social brasileira. 
É uma maneira diferente de me apresentar para vocês e confirmar que sou um trabalhador brasileiro, temperado na luta sindical e que aprendi a conviver de maneira pró-ativa com os meus companheiros e companheiras do Chão de Fábrica.
Aprendi, também, a ampliar a organização e disciplina do Chão de Fábrica  para os bairros e vilas, campos de futebol, botecos e rodas de samba. No meio do povão, sou peixe dentro d’água. 
E por isso eu sei que a cor da pele, a raça, a região do Brasil na qual fomos criados se dilui tudo na necessidade imperiosa de colaborarmos, uns com os outros pela sobrevivência. Dentro e fora de uma fábrica.
Seja no Chão de Fábrica, seja nas periferias, nas favelas ou nos cortiços a vida é duríssima. Mas nossos ancestrais descobriram como contornar a violência dos escravocratas, o desmando de alguns chefes, a exploração continuada de nossa mão de obra com muita troca de ideias e com a solidariedade irrestrita uns aos outros.
Quem tiver a oportunidade de percorrer uma linha de produção verá o Brasil real gerando riquezas. Todas as cores, religiões, hábitos, jeito de falar estão ali. Todos se respeitam porque sabemos que somos elos essenciais da cadeia produtiva.
Mas quando saímos do Chão de Fábrica e olhamos para a televisão temos a impressão de estar em turismo em algum país nórdico, que controla alguma colônia do terceiro mundo. Aos negros, são delegados os papéis secundários, com honrosas exceções. Aos nordestinos, índios, sulistas e gente do campo cabem apenas os estereótipos.
Mesmo sentindo o impacto da exclusão não temos tempo para frustração, porque no dia seguinte, no Chão de Fábrica, retomamos o vigor de nossa importância produtiva e social. Ali, provamos valor e somos parte integrante da riqueza gerada.
Talvez nos falte o hábito de pressionar as instâncias democráticas que existem do lado de fora da fábrica. Exigir tratamento igual para todos nós. Mas já temos feito isso sem muito resultado.
Por isso, a partir de espaços como este, vamos nos organizar para impor, com o poder de nossos bolsos combinados, com a energia concentrada em nossas carteiras de trabalho e o vigor de nossos títulos eleitorais uma radical mudança na sociedade brasileira.
Começamos hoje a construir um novo Brasil, em que o trabalhador e trabalhadora, seja integralmente respeitado. Tendo oportunidades iguais não apenas para ser mais um braço mas principalmente para ser mais um cérebro. Exigiremos boas escolas, boa saúde, bom respeito para todas as raças, regionalismos e religiões que hoje pulsam no Chão de Fábrica.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Torcida social

A gente pode passar o dia inteiro falando abobrinhas no ônibus, na fábrica, nos encontros com nossos vizinhos. E deixar a vida nos levar sem ter uma opinião formada sobre nada.
Ou pode dar uma direção às nossas vidas nos ambientes em que reproduzimos nossas vidas, ou seja, no chão de fábrica, na condução, na igreja ou na vizinhança.
Mas para dar um rumo na vida temos que saber para onde queremos ir. E quando escolhemos nosso destino, aprenderemos a construir nosso caminho ao caminhar.
Parece simples, mas exige de nossa parte um pouquinho de disciplina.
Em vez de sermos apenas os reprodutores dos assuntos sem sentido dos programas humorísticos ou dos resultados do nosso time de futebol, podemos nos preocupar, também, com a situação da escola dos nossos filhos, por exemplo.
Vamos descobrir que quando nos preocupamos descobrimos maneiras diretas de avaliar as informações. Da mesma maneira que conseguimos nos informar sobre a situação dos nossos times no campeonato.
Aprendemos, também, a fazer com que nossas informações cheguem aos gestores da escola de nossos filhos, do pronto socorro do bairro ou da cidade ou do posto policial.
Descobriremos, você verá se tentar, que cada ação leva a outra ação e assim construímos nossa estrada social ao caminhar. E deixaremos para trás aqueles papos furados e sem sentido e os substituiremos por trocas coletivas de ideias e influenciaremos os rumos da política em nossa cidade, em nosso bairro e até mesmo o ambiente produtivo na fábrica, escritório ou loja que trabalhamos.
Porque vale a famosa regra, se não temos opinião sobre nada, vamos acabar seguindo a opinião de terceiros. E, acredite, existe um batalhão de pessoas trabalhando incansavelmente para nos alinhar com o seu jeito de pensar.
Por exemplo, para muitos patrões e uma parte da elite interessam que reforcemos suas teses de um Estado incompetente. Para esse pessoal, quanto mais fragilizado o Estado, mais espaço sobra para eles fazerem negócios de interesse privado.
Por isso, reserve parte da conversa com seus amigos para tratar também de assuntos que têm a ver com nossa vida. Vamos continuar, claro, falando do nosso time do coração ou da novela que gostamos de assistir. Mas vamos conferir com nossos companheiros de trabalho ou vizinhos o que achamos sobre a administração da cidade, da escola de nossas crianças e da segurança do bairro.
E vamos arrumar um jeito de deixar o prefeito e os vereadores saberem o que pensamos. Através de envio de e-mails, cartas ou mesmo telefonando para o gabinete do vereador ou do prefeito.
Se cada um de nós se transformar num torcedor fanático de nossa vida social vamos conquistar o campeonato de cidadania. Com retorno de curto prazo na nossa qualidade social de vida. Duvida? Então, comece hoje mesmo a controlar o seu próprio destino.
Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cadê as mídias do Chão de Fábrica?

por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
Os trabalhadores do Chão de Fábrica são bombardeados todos os dias com noticiário que faz parte da manipulação das elites, na esperança de manipularem nossas vidas.
Acreditamos que as elites, os patrões, empresários e governos temem que acordemos para a famosa frase de William Shakespeare, o mais importante autor teatral de todos os tempos, que escreveu: "É estranho que, sem ser forçado, saia alguém em busca de trabalho."
Sim, muito estranho.
Mas, nós trabalhadores temos um propósito que vai muito além do lucro imediato do patrão. Nosso compromisso é com a reprodução da espécie humana, com a criação dos nossos filhos, com a aposta no futuro da humanidade.
Mesmo assim continuamos na nossa batalha diária. Ampliando com as negociações salariais e através das conquistas via Congresso Nacional, os espaços de decisão a favor dos trabalhadores.
Traduzimos estas conquistas em benefícios sociais e trabalhistas, como o 13o. salário, as férias, a licença maternidade. E nos preparamos, agora, para ampliar nossos direitos com as 40 horas semanais, sem redução dos salários. E vamos lutar até o último voto dentro do Congresso Nacional para colocar um fim no Fator Previdenciário.
De uma certa maneira, portanto, estamos vacinados contra as manipulações que os empresários tentam nos impor através dos meios de comunicação. E lamentamos, apenas, que não exista uma política editorial que leve em consideração as necessidades estratégicas da classe trabalhadora.
Afinal, somos consumidores de mídia. E se fôssemos respeitados com conteúdos jornalísticos que nos ajudassem a melhorar nossa formação e visão de mundo, muito provavelmente se refletiria no aumento da tiragem dos jornais.
Atualmente, os jornalões estão com circulação em queda vertiginosa. Culpa-se a internet. Pode até ser. Mas enquanto não se investir mais em conteúdo que tenha a ver com a realidade econômica dos trabalhadores e trabalhadoras do Chão de Fábrica, que leve em conta nossa vida nos aglomerados urbanos, nossas dificuldades cotidianas com a Educação dos nossos filhos e filhas e com a segurança em nossas comunidades, acreditamos que a tendência de queda nas tiragens vai continuar.
Felizmente, aqui e ali surgem iniciativas que começam a levar em consideração nossos pontos de vista. Que, acreditamos, ajudará a posicionar estes veículos mais agressivos junto a uma nova classe trabalhadora. Que sustenta o mercado interno e que ajuda a consolidar, pela primeira vez em mais de 500 anos, uma nova classe média brasileira.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Humanizar o Chão de Fábrica

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

O Chão de Fábrica de qualquer empresa, pequena ou grande, nacional ou multinacional, é um excelente ambiente para a integração e formação dos trabalhadores.
Encontramos no Chão de Fábrica amostras do Brasil inteiro. Gente de todos os cantos do País, com diferentes sotaques, religiões e raças. É ali, na fermentação continuada, na camaradagem  e, até mesmo, algumas pequenas maldades que o trabalhador ou trabalhadora tem sua vivência ajustada ao ambiente de grande responsabilidade, com uma disciplina rigorosa e que exige, de cada um, perceber como pode ajudar o conjunto.
Até se confirmar que é hora do fim do expediente. O corpo cansado e a alma exausta nos faz sair do Chão de Fábrica aliviados. Vamos para casa em busca de repouso ou do carinho dos nossos cônjuges, filhos e filhas. Pregados, nos anestesiamos diante de um aparelho de tevê e relaxamos para recuperar a energia para a batalha do dia seguinte que já sabemos continuará brava.
Muitos de nós esquecemos, infelizmente, que é nestas horas vagas, após ou antes do expediente, que temos condições de humanizar nossas vidas no Chão de Fábrica.
Enquanto nos submetemos à rotina, nos tornamos apenas máquinas e números no registro funcional da empresa. Podemos, portanto, ser trocados por outros trabalhadores que receberão salários menores para nos substituir. E, como números apenas, os computadores da empresa avaliarão o quanto pesamos na folha de pagamento em vez de calcular, também, o quanto somamos às riquezas geradas para a organização.
Mas se carregarmos para fora da empresa a energia que acumulamos no Chão de Fábrica, como muitos companheiros e companheiras já o fazem, a história pode mudar a nosso favor, rapidamente.
Se aproveitarmos nosso tempo livre para conviver com nossos vizinhos e amigos em qualquer atividade social, seja na igreja, no clube ou no sindicato, vamos acumular musculatura social. Ganharemos também voz e combinaremos o vigor de nossa carteira de trabalho com nosso título eleitoral.
Conseguiremos, aos poucos, tornear a cidadania dentro e fora da linha de produção. E transferir para o Chão de Fábrica a mesma gentileza com que nossos colegas nos tratam na igreja, no sindicato ou no clube. Garantiremos, também, direito a opinar sobre os destinos da companhia pois temos a legitimidade de quem entrega a vida para o sucesso da empresa.
Falta o quê então para atingirmos este novo patamar? Pouco, muito pouco. É só deixar cair a ficha e levar para o Chão de Fábrica a mesma humanidade que exercitamos do lado de fora.
Para a gente trabalhar duro mas sem perder a ternura e a civilidade que praticamos quando estamos junto com nossa família, amigos e vizinhos. E mostrar, assim, para os patrões e para os executivos da empresa, que ganharão muito mais se nos ouvirem e humanizarem o Chão de Fábrica.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Organizar em movimento

Por Sivaldo da Silva Pereira, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Atribui-se a Ulysses Guimarães a frase de que devemos discutir política tendo como referência o movimento das nuvens. A realidade muda a todo momento e faz evaporar a certeza de um minuto atrás.
No nosso dia a dia, como cidadãos e trabalhadores, esta lição se aplica com muito mais vigor. Somos a linha de frente do Brasil. E colocamos, de verdade, a mão na massa para transformarmos matérias primas em mercadorias. Cuidamos das pessoas com os serviços que prestamos. Interagimos com grande intensidade com uma realidade que muda tão rapidamente quanto as nuvens.
Com as consequências que podem se traduzir em fases boas e em ameaças à nossa economia e ao nosso emprego.
Por isso, quando insistimos em discutir Chão de Fábrica e Cidadania é para nos educarmos para uma avaliação continuada de nossa realidade e estarmos sempre preparados para contornar surpresas desagradáveis.
Nos aproximamos de um segundo semestre de grandes mobilizações a favor dos nossos salários, enquanto que a economia brasileira se vê às voltas com os juros mais altos do mundo.
O Brasil percebeu a importância de os trabalhadores terem participado com seus salários do consumo interno na crise financeira mundial de 2009. Com a nossa sustentação do mercado interno, transformamos o tsunami numa marolinha, como nos explicava o ex-presidente Lula.
Agora, com a permanente ameaça da inflação, com os juros lá em cima e com uma nova crise mundial se desenhando, precisamos conversar muito, trocar muita ideia para que não sobre apenas para os trabalhadores as consequências da próxima crise mundial, real ou imaginária.
Sim, pois nós trabalhadores do Chão de Fábrica somos, muitas vezes, condenados a pagar as contas antes mesmo que as crises aconteçam. Estimulados pelo clima de falta de patriotismo e de pessimismo que infesta a grande imprensa, os patrões que só pensam nos próprios umbigos transformam ameaças em desemprego e retiram dinheiro da economia para os próprios bolsos.
Mas também já somos capazes de grandes mobilizações cívicas. E vamos alavancar nossa energia transformadora do chão de fábrica em ações que mostrem para os patrões e para os governos federal, estaduais e municipais, que precisamos ser continuadamente ouvidos.
A realidade muda, reconhecemos. Mas não deve mudar sempre para piorar a vida dos trabalhadores.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mão na massa e massa de manobra

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro

Desde 1985, com o fim da ditadura militar, cumprimos todos os rituais democráticos.
O Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais são renovados a cada quatro anos. Período em que substituímos também os membros dos respectivos poderes executivos no País, nos Estados e nas Prefeituras.
Os rituais entre os poderes Judiciário, Executivo e Legislativo funcionam com alguma precariedade, mas funcionam. E o exercício livre e soberano do voto nos enche de orgulho.
Mas...
Mas continuamos longe da democracia plena. Porque ainda estamos submetidos ao atraso que se acumulou por centenas de anos de um regime escravocrata e de um período recente, desde 1889, de respiros democráticos e sufocos ditatoriais.
Temos, ainda, contra a prática saudável e harmônica da democracia, a defasagem premeditada em nossos sistema educacional. Convivemos, infelizmente, com 75% de analfabetos funcionais. Além disso, trabalhamos demais e vivemos longe demais dos empregos.
O resultado é um cansaço físico e a falta de tempo que muitas vezes nos excluem da participação direta em eventos democráticos de nosso interesse, como cuidar da qualidade da escola, vigiar o posto médico e exigir mais segurança pública.
As deficiências naturais da nossa democracia têm levado parte de nossa elite econômica, social e política a tentar usar os que colocam de verdade a mão na massa para gerar as riquezas em massa de manobra dos seus interesses, muitas vezes inconfessáveis.
Por isso, desenvolveram um sistema pronto para se prometer com a certeza de que não se cumprirá. É o que acontece, muitas vezes, dentro das fábricas e, também, nos relacionamentos entre políticos e seus eleitores. Em vez de se respeitar quem coloca a mão na massa, existe a tendência de transformar estes cidadãos e cidadãs em massa de manobra.
Uma prática que tende a ser sistematicamente questionada. Por que? Cada vez mais temos mais informações, trocamos mais ideias, interagimos de maneira consciente nos ônibus, trens e bairros.
E estamos prontos para melhorar nosso sistema democrático. Com resultados que saberemos aferir através de investimentos diretos em Educação, na Saúde e na Segurança Públicas.
Afinal, somos quem coloca a mão na massa e somos maioria no sistema democrático. E, conscientes, conseguiremos impor nossos pontos de vista social e econômico.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ainda a televisão

Postado por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro
Na semana passada discutimos o mau uso que é feito das mídias, especialmente, as de grande impacto como a televisão. O retorno dos amigos e companheiros me estimulou a avançar mais um pouco no tema.
Os pais de família sempre às voltas para transferir qualquer gota de conhecimento útil para seus filhos se vêm numa batalha quase que perdida diante da brutalidade com que os meios de comunicação tratam a formação de nossos jovens.
A gente respira um pouco de civilização aqui e ali, nos programas da TV Cultura e do Canal Futura, com alguns respingos de aposta na formação através das iniciativas do programa do Luciano Huck, com os estímulos aos jovens em soletrar palavras. E só.
De resto só temos os dramas vazios das novelas, com tramas que destacam os pequenos golpes e os noticiários que cultivam suas audiências em cima da discriminação e dos desrespeito às pessoas. Os apresentadores são ao mesmo tempo Promotores, Juízes e Polícia.
Julgam e condenam todos os que caem nas suas telas em questão de minutos. Mas o fazem de maneira preferencial. Condenam mais rapidamente os mais pobres, mais pretos, mais nordestinos.
Basta noticiarem um crime em bairros elegantes que o personagem se transforma em empresário. Em vez da acusação direta, alegam que supostamente cometeram este ou aquele crime.
Quando colocamos na ponta do lápis os gastos que estas redes realizam com sua programação e descobrimos que todas elas são concessão pública, nos perguntamos até quando vão tratar nossa cidadania com tanto desrespeito.
Não queremos uma televisão estatal, com uma programação controlada por iluminados. Queremos apenas um mínimo de compreensão e bom senso dos responsáveis pelos conteúdos e que nos ajudem nesta árdua tarefa de construir nosso futuro.
Um futuro que poderia ser realimentado e organizado a partir da interação de parte desta programação com os jovens que estão retidos em nossas casas na falta de alternativa de formação ou de empregos.
Sei que é sonhar demais lamentar o dinheiro jogado fora nas programações cheias de Big Brother e outras coisas do gênero. Mas é importante que alguém registre o que vai pela alma dos pais e mestres, dos cidadãos e cidadãs, ávidos por um Brasil melhor.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Distração para desvirtuar a cidadania

Propaganda dos Postos Ipiranga insinua que seus consumidores são maridos traídos
Vivemos num Brasil em que tudo falta para ser feito. Seja na Educação, na Saúde, na Infra-estrutura
Precisamos, com urgência, cuidar das atitudes das pessoas no relacionamento dentro das empresas, nas lojas, na prestação de serviços. 
Pois vivemos num mundo em rápidas mudanças e qualquer informação nos ajuda a formar um novo cidadão.
Mas quando paramos diante de um aparelho de televisão e avaliamos os conteúdos que nos são apresentados, que custam milhões de reais para serem produzidos, desde os Big Brother às novelas e, inclusive, os telejornais, parece que os programas são feitos para um Brasil que não é o nosso.
A superficialidade predomina. As informações desorganizam mais do que oritentam nossa percepção cidadã. E a cada intervalo comercial, sempre tem um membro da família que é desrespeitado ou humilhado.
Ora é o pai que é tratado com desprezo pelo filho porque não assinou determinada tv paga. Ora é o marido que antecipa sua chegada em casa e somos obrigados a acompanhar os vários amantes da sua esposa escapando pelos cantos.
Ou seja, os programadores dos canais de televisão e de rádio e muitos editores dos conteúdos jornalísticos agem conforme não precisassem de se vincular com os telespectadores, leitores e ouvintes do Brasil real.
Enquanto isso, arrecadam bilhões em publicidade para repetir o mesmo ciclo. E reproduzem o atraso, a deseducação e, o pior, a falta de estímulos cidadãos.
Nós, telespectadores somos de certa forma, cúmplices desta bandalheira. Enquanto permanecemos diante dos aparelhos de tv e de rádio garantindo a audiência para estes programadores.
Mas enquanto lideranças e pais, somos obrigados a adotar uma atitude para tentar, mesmo que minimamente, melhorar a qualidade dos conteúdos que nos empurram goela abaixo.
Não precisa, claro, de uma televisão chata. Precisamos, isso sim, de uma programação integrada com os anseios de nossos jovens, dos seus pais, dos nossos idosos.
Algo que a gente tenha orgulho de se referir nas nossas conversas de chão de fábrica, de trocar ideias dentro dos ônibus e trens. Que nos faça sentir mais integrados à realidade de nosso país.
Que traga para cada grupo de telespectadores, ouvintes e leitores reflexões sobre a própria realidade e que as informações possam se transformar em ferramenta de nosso dia-a-dia de cidadania e civismo. Em vez de sermos obrigados a presenciar uma programação que nos distrai da própria cidadania.

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá