terça-feira, 19 de julho de 2011

Organizar em movimento

Por Sivaldo da Silva Pereira, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Atribui-se a Ulysses Guimarães a frase de que devemos discutir política tendo como referência o movimento das nuvens. A realidade muda a todo momento e faz evaporar a certeza de um minuto atrás.
No nosso dia a dia, como cidadãos e trabalhadores, esta lição se aplica com muito mais vigor. Somos a linha de frente do Brasil. E colocamos, de verdade, a mão na massa para transformarmos matérias primas em mercadorias. Cuidamos das pessoas com os serviços que prestamos. Interagimos com grande intensidade com uma realidade que muda tão rapidamente quanto as nuvens.
Com as consequências que podem se traduzir em fases boas e em ameaças à nossa economia e ao nosso emprego.
Por isso, quando insistimos em discutir Chão de Fábrica e Cidadania é para nos educarmos para uma avaliação continuada de nossa realidade e estarmos sempre preparados para contornar surpresas desagradáveis.
Nos aproximamos de um segundo semestre de grandes mobilizações a favor dos nossos salários, enquanto que a economia brasileira se vê às voltas com os juros mais altos do mundo.
O Brasil percebeu a importância de os trabalhadores terem participado com seus salários do consumo interno na crise financeira mundial de 2009. Com a nossa sustentação do mercado interno, transformamos o tsunami numa marolinha, como nos explicava o ex-presidente Lula.
Agora, com a permanente ameaça da inflação, com os juros lá em cima e com uma nova crise mundial se desenhando, precisamos conversar muito, trocar muita ideia para que não sobre apenas para os trabalhadores as consequências da próxima crise mundial, real ou imaginária.
Sim, pois nós trabalhadores do Chão de Fábrica somos, muitas vezes, condenados a pagar as contas antes mesmo que as crises aconteçam. Estimulados pelo clima de falta de patriotismo e de pessimismo que infesta a grande imprensa, os patrões que só pensam nos próprios umbigos transformam ameaças em desemprego e retiram dinheiro da economia para os próprios bolsos.
Mas também já somos capazes de grandes mobilizações cívicas. E vamos alavancar nossa energia transformadora do chão de fábrica em ações que mostrem para os patrões e para os governos federal, estaduais e municipais, que precisamos ser continuadamente ouvidos.
A realidade muda, reconhecemos. Mas não deve mudar sempre para piorar a vida dos trabalhadores.


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