quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Do Mobral à Universidade Federal do ABC

Sivaldo da Silva Pereira, secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Nas décadas de 70 e 80, os trabalhadores que chegavam do resto do Brasil todo em busca de uma oportunidade, um empreguinho e a construção de seus sonhos de vida tinham como ponto de apoio o Mobral,  que depois virava Madureza do ginásio e do colegial.
Os trabalhadores mais empenhados completavam sua formação no Senai ou num curso técnico. E os mais determinados ainda, pois não tinham apoio de espécie alguma, conseguiam chegar a um curso universitário.
Com a determinação e formação conseguidas com o próprio esforço nos tornamos uma classe trabalhadora de vanguarda. Mudamos, com nossa participação no Chão de Fábrica e com nossas vivências comunitárias e políticas a realidade do Grande ABC e do Brasil.
Não foi à-toa que daqui surgiu um presidente da República que pela primeira vez “na história deste País”, como sempre foi o discurso de Lula, adotamos políticas públicas que tiveram um impacto determinante em nossas vidas sociais e econômicas.
E uma das grandes mudanças, que confirmamos com o apoio de Lula, foi a criação da Universidade Federal do ABC. Um avanço e tanto que precisa ser confirmado por parcerias cada vez mais inadiáveis entre as administrações públicas municipais e as organizações sociais a favor da nova etapa que o Grande ABC está destinado neste Século 21.
Porque para nos inserirmos de fato no ambiente que a Universidade Federal do ABC é preciso que mais do que ingressar na universidade, que tenhamos também a oportunidade real de os conteúdos da universidade fazer parte de nossas vidas.
Sabemos pelos contatos que temos com o professor doutor Jorge Tomioka, um amigo nosso, que há sim a vontade e a disposição do corpo docente da universidade de se integrar com nossa cidadania.
Mas através de quais mecanismos sociais? Através de que instituições? Em que ambientes? Nas fábricas, nos sindicatos, nas igrejas ou nas vilas?
A hora é agora de se criar os canais para que enquanto trabalhadores e suas entidades, assim como organizações sociais (ONGs, associações de moradores, partidos políticos etc) possamos acelerar o aproveitamento das oportunidades que emergem no Século 21.
E diferentemente dos tempos do Mobral, para aproveitarmos os conteúdos exaustivamente produzidos pela Universidade Federal do Grande ABC temos que criar os canais sociais de interação e vinculação do saber produzido com nossas expectativas e realidades sociais.
No Chão de Fábrica olhamos para o mundo ao nosso redor, no Brasil e no Exterior, e percebemos que muito mais que o saber digital, nestes tempos de internet banda larga, celulares de última geração e sites de pesquisa que é preciso acumular conteúdos e reflexões que resolvam, a curto e médio prazos, nossos problemas na fábrica, nas vilas, na nossa capacidade confirmar soluções que melhorem nossa qualidade de vida.
Conteúdos que só podem se ajustar aos nossos sonhos e à nossa realidade a partir do envolvimento pró-ativo de nossa parte em torno da Universidade Federal do ABC.

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