terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Brasil gasta mais com preso, sem trabalhar, do que com estudante

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

No Chão de Fábrica a gente troca ideias toda hora. Tem sempre o cafezinho e a água, a hora do vestiário, as longas jornadas para ir e voltar do trabalho. E um assunto que nos incomoda é saber que no Brasil se gasta até R$ 40 mil por ano com cada preso em um presídio federal. E R$ 21 mil por ano para cada presidiário das penitenciárias estaduais, ou seja, quase dez vezes mais do que os R$ 2,3 mil por ano que são investidos em cada aluno (ou aluna) do ensino médio.
Nossas prisões federais e estaduais comprovadamente não recuperam ninguém. Só pioram e desgraçam o cidadão para sempre, independente do tipo de crime que tenha cometido. Caiu lá é um condenado para sempre, infelizmente. Apesar de consumir muito mais dinheiro que se gasta com educação, não se consegue medir os retornos sociais.
Com educação é diferente. Mesmo com os humilhantes R$ 2.300 por ano, que dá mais ou menos R$ 190 por mês, ou R$ 6,4 por dia com cada estudante do ensino médio, o equivalente a duas passagens de ônibus em São Paulo, a educação abre portas para a dignidade pessoal e profissional.
Com uma garantia mínima de acessar um emprego decente e se ter a esperança de romper as barreiras da desigualdade social, que como todos sabemos é a grande geradora da violência, dos crimes contra a vida e a propriedade e que realimenta as cadeias brasileiras.
Estamos em ano eleitoral. E muitos candidatos vão nos procurar com a ladainha de sempre sobre a necessidade de mais segurança (se bem que o investimentos em prisões não seja da alçada municipal) quando todos estamos cansados de saber que temos que concentrar nossas energias cidadãs no investimento em Educação, com E maiúsculo.
Investir o que for necessário para garantir a educação completa, desde a creche até o ensino médio e superior. Pois estaremos assim formando jovens que se tornarão homens e mulheres livres, com orgulho de poderem contribuir para gerar riquezas em nosso Brasil e de compartilharem com a gente a labuta do Chão de Fábrica, se assim desejarem.
Cidadãos que vão batalhar todos os dias e com dignidade pelo pão de cada dia em vez de se correr o risco de numa hora do desespero serem seduzidos pelo crime e terminarem seus dias vergonhosamente numa prisão. E o pior,  consumindo entre R$ 21 mil e R$ 40 mil dos cofres públicos, sem terem a mínima chance de recuperação para a sociedade. 

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