segunda-feira, 20 de junho de 2011

As redes cidadãs


Postado por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, Secretário Geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá A eficiência do sistema de produção a que todos nós estamos submetidos está em segmentar corações e mentes na tentativa de retalhar cada cidadão em partes não comunicantes entre si.
Por exemplo, os sistemas produtivos e organizacionais pretendem que o mesmo indivíduo seja num ambiente apenas pai; no outro trabalhador de chão de fábrica. Sem se comunicar entre si. Nem mesmo quando assume o papel de liderança comunitária ou religiosa.
Vale sempre a máxima “dividir para dominar”. Que cada vez mais se transforma em “retalhar corações e mentes para impor a visão externa de mundo”. Que, coincidentemente, será sempre a visão das elites, dos patrões ou do partido político dominante. 
É um método que funciona até certo ponto. Mas basta um pouquinho de reflexão e de acesso aos meios modernos de comunicação e de vivências sociais para que o pai e a mãe percebam a importância de juntar na mesma ação o que fazem também como operários, como pagadores de impostos e, principalmente, como eleitores.
Ao convivermos uns com os outros nas fábricas, nos ônibus, nos trens e nos bairros, vilas e favelas aprendemos, aos poucos, a organizar nosso olhar. E o que vemos é de assustar.
Por exemplo, o Brasil ocupa último lugar entre os 30 países com maior peso de tributos, de acordo com o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade. Ficamos na posição 144, enquanto os EUA ocupam primeiro lugar no ranking, com a posição 168,2.
Entre os 30 países com as maiores cargas tributárias, o Brasil é o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em bem-estar para seus cidadãos.Com carga tributária de 34,41% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009, o país fica atrás dos vizinhos Argentina e Uruguai quando se analisa o retorno dos tributos em qualidade de vida para a sociedade.
Nesse comparativo, os Estados Unidos, seguidos pelo Japão e pela Irlanda, são os países que mais bem aplicam os tributos em melhoria de vida de suas populações.
E a gente vive essa triste realidade ao caminhar por ruas esburacadas, ao frequentar postos de saúde nos quais faltam medicamentos e médicos. Ao ter que complementar a educação de nossos filhos pois seus professores são tão humilhados com salários tão irrisórios que apenas fingem que ensinam para nossas crianças.
Cada vez mais escapamos das manipulações de um sistema que nos quer como ilhas e criamos nossas próprias redes cidadãs, prontas para assumir o controle de nossos destinos.
Para ampliar nossa eficiência cidadã é importante aproveitar os ambientes na fábrica, nas vilas, na igreja e no sindicato para impor, também, nossa visão de mundo. Que será muito mais justo e com muito mais oportunidades para cada um de nós.

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