segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pião e peão

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Todo mundo ainda se lembra da diferença entre “pião” e “peão”, não é mesmo? “Pião” é aquele brinquedo que a gente envolve em barbante e depois lança no chão e o acompanha girando em torno dele mesmo, até perder o embalo e cair de lado. E “peão” é o trabalhador do campo, que geralmente é hábil pra caramba em domesticar os animais, mas que é orientado em apenas obedecer ordens.
Pois bem, ainda hoje em dia nas nossas comunidades e muitas vezes no Chão de Fábrica encontramos esses dois tipos de comportamento. Temos lá o “pião” que só sabe  girar em torno dele mesmo, com suas certezas e convicções. É “um sabe tudo” a respeito da política (que geralmente discorda), do sindicato, da necessidade de mobilizar na comunidade. “Não adianta se sindicalizar ou se mobilizar”, nos informa o pião. Acostumado que está a rodar em volta do próprio umbigo.
Temos também o “peão”, aquele homem ou mulher cheio de energia mas que só sabe obedecer ordens, como se ainda estivesse na rotina lá no campo. É incapaz de trocar uma ideia mais demorada com os colegas de trabalho ou os vizinhos de vila e participar das ações coletivas. Este tipo de trabalhador prefere obedecer apenas as chefias e nunca está disposto a se integrar aos grupos que se formam no Chão de Fábrica ou ir para o Sindicato participar das assembleias.
Tanto o “pião” que roda em torno  do umbigo quanto o “peão” que só sabe obedecer ordens da chefia precisam adotar uma outra sabedoria que desenvolvemos no Chão de Fábrica que é a famosa “Rádio Peão”.
Através da “Rádio Peão” estabelecemos no Chão de Fábrica uma comunicação rápida, direta e que funciona. Mas que exige de cada um de nós acreditar de verdade na participação coletiva. Assim que somos acionados pela “Rádio Peão”, que nos traz a necessidade de discutir o novo vale refeição, o convênio médico ou ir para uma assembléia no Sindicato, todos nós que não somos nem “pião” nem “peão”, nos transformamos em “peãozada” e mobilizados, vamos defender nossos interesses.
É super fácil abandonar o egoísmo do “pião”, que só gira em torno dele mesmo  e deixar de ser “peão”, que só obedece ordens da chefia. Basta a gente acreditar em nós mesmos, confiar cada vez mais nas ações coletivas e reforçar as atitudes cidadãs de nossas entidades, sejam elas as comunidades nos bairros ou nosso Sindicato.

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